Conforme anunciado aqui no blog, no último dia 29 de novembro houve a abertura da galeria Novembro Arte Contemporânea, em São Paulo. Nosso HU faz parte da coletiva, que fica exposta até final de janeiro de 2010. Ficamos todos muito felizes de comprovar que o filme funciona muito bem pendurado à parede: não foram poucos os capturados pelas imagensons que vinham daquele cantinho escuro da galeria!
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
HU na abertura da Novembro Arte Contemporânea
Conforme anunciado aqui no blog, no último dia 29 de novembro houve a abertura da galeria Novembro Arte Contemporânea, em São Paulo. Nosso HU faz parte da coletiva, que fica exposta até final de janeiro de 2010. Ficamos todos muito felizes de comprovar que o filme funciona muito bem pendurado à parede: não foram poucos os capturados pelas imagensons que vinham daquele cantinho escuro da galeria!
sábado, 28 de novembro de 2009
HU na TV aberta!
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
HU é lançado no circuito das artes visuais!
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Cinema de verdade
Foi uma noite incrível. Mais de trezentas pessoas lotaram as salas 3 e 4 do Arteplex da Praia de Botafogo na última quinta-feira para assistir ao documentário ‘HU’ (a foto acima é do debate!). A projeção digital estava belíssima (obrigado, RAIN!) e o debate após a sessão foi ‘quente’ como esperávamos. A mesa composta pelos diretores do filme e por Roberto Segre (crítico de arquitetura), Consuelo Lins (professora da Escola de Comunicação) e pela artista visual Rosângela Rennó não desperdiçou a oportunidade de discutir, por pouco mais de uma hora, o filme, o HU, o país. Ela contou ainda com a contribuição de inúmeras participações do público, já que muitos permaneceram na sala para a ‘conversa’ após a projeção. Destaque para as intervenções do Dr. Alexandre Cardoso, atual diretor do HUCFF, do engenheiro Jairo Villas-Boas, ex-diretor da divisão de engenharia do hospital e da professora e arquiteta Margareth Pereira. Todos estes ‘participantes’ do filme que não se fizeram de rogados, pediram a palavra e continuaram e desenvolveram, ali mesmo na sala de cinema, a discussão iniciada no documentário: o filme não se esgotou na tela e, naquela noite, reverberou em muitos dos presentes à sessão. Muito obrigado a todos.
Nas fotos abaixo, as intervenções do Dr. Alexandre Cardoso e da prof. Margareth Pereira.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
O Enigma III
Ainda o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro: “Em qualquer lugar, se você cair nas garras do Estado, você só sai delas com muita sorte. Não carece ser brasileiro. Se você vai aos Estados Unidos, veja lá sua relação com o imposto de renda; nem precisamos falar do regime de terror implantado pelo governo Bush filho. Vá a Inglaterra e veja o que acontece se você, sei lá, cruzar a faixa no lugar errado. Caia na besteira de oferecer uma graninha para o policial quando não devia ter feito isso (e, pelo menos no Brasil, vice-versa). Você nunca mais escapa. Vai ficar preso numa rede. O Estado é implacável. A essência da burocracia não é a racionalidade, mas a impessoalidade. A única pessoa ali é o Estado, não tem mais ninguém. O Estado é o grande sujeito. E vice-versa: l’État c’est le Moi.”
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Por que somos assim? (Diário de Montagem VI)
Há algo que me agrada nas diversas entrevistas do filme. Ninguém ali parece evitar a complexidade das questões abordadas. Ninguém parece à procura de um culpado – seja ele uma pessoa, uma idéia, um projeto. Parecem suspeitar tacitamente que o buraco é mais embaixo e o ‘problema’ frequenta a todos. Ecoam até hoje as perguntas do diretor do hospital, Dr. Alexandre Cardoso: “Porque é que somos assim? Nós não podíamos dar continuidade no ano seguinte para que o hospital pudesse ficar pronto? Como é que nós havemos de enfrentar outros desafios sociais?”
terça-feira, 1 de setembro de 2009
O enigma II
“Um dos traumas típicos, no mundo indígena, envolve uma saída solitária de uma pessoa ao mato, para caçar, por exemplo, a qual desemboca no encontro repentino com esses germes, essas larvas de Estado que são as alteridades-espírito, as agências sobrenaturais com o poder de nos contra-definir: ‘Aqui o sujeito sou eu. Você não é humano coisa nenhuma. Venha pra mim, torne-se um de nós.’ Você topa com uma onça, ela te olha diferente, você não consegue fugir do contato ocular: aí o bicho se transforma (a teus olhos) subitamente em uma pessoa, um parente por exemplo, e lhe pergunta – ‘por que você quer me matar, meu irmão?’ Não responda! – ou você já perdeu. A onça não é teu parente. A onça é a ausência mesma de parentesco.”
“Isso é um pouco como a idéia de Estado, que é suposto se constituir historicamente contra as antigas solidariedades de parentesco. Diante do Estado não somos mais que indivíduos. Todo mundo deve estar eqüidistante do Estado. As pessoas estão articuladas a ele sem mediação dos laços familiares. É você de um lado, sozinho; do outro lado, o Todo. No meio, nada – o vazio relacional. A criação súbita de você como indivíduo particular, como parte, e o Estado como o público, como a totalidade. A parte da parte e a parte do todo: a parte do leão, justamente; o leão do Fisco, a super-onça do Estado. E nós, os cidadãos-caititus, particularmente perdidos na mata da economia capitalista.” (fonte: Eduardo Viveiros de Castro/ Série Encontros: Ed. Azougue)
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
O enigma I
Reproduzo trecho de entrevista do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro: “O Estado produz aquela mesma sensação de alienação radical que os mortais sentimos diante das entidades sobrenaturais, isto é, imortais. A sensação de se estar completamente sozinho diante de uma transcendência absoluta, completamente alheia, parece-me muito próxima da posição subjetiva do cidadão diante do Estado. É a experiência do cidadão K., do homem qualquer, diante da lei: a despossessão subjetiva extrema, a perda das condições de autodefinição. É essa alteridade que me confronta que define quem sou; estou em suas mãos. Como impedir isso? Como escapar dessa? Questão angustiante.”
domingo, 30 de agosto de 2009
'HU' no Arteplex dia 3 de setembro às 21h30
Já está tudo confirmado. Na próxima quinta-feira, dia 3 de setembro, às 21h30, haverá a primeira e única (ao menos nesse ano!) projeção do 'HU' na cidade. Serão duas salas do Arteplex (Praia de Botafogo, 316) e, depois da sessão, haverá uma conversa com o arquiteto e pesquisador da FAU-UFRJ Roberto Segre, a documentarista e pesquisadora da ECO-UFRJ Consuelo Lins, e a artista visual Rosângela Rennó. A sessão faz parte da programação do DOCOMOMO, encontro da entidade internacional ligada ao movimento moderno que estará acontecendo durante a semana no Palácio Capanema, no Centro. A projeção será em HD, uma cortesia da RAIN Networks. A entrada é franca e estão todos convidados. Até lá!
sábado, 29 de agosto de 2009
Ref:
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Res publica (Diário de Montagem V)
Pro quadrado descer redondo! (Diário de Montagem IV)
Um quadrado não é fácil de engolir. Percebemos isso logo nas primeiras tentativas com a tela dividida. A esquizofrenia ameaçava. Era necessário ainda que os quadrados não chamassem demasiada atenção para si. Que não se tornassem protagonistas do filme. Deveriam ser sugeridos pelo prédio. Bem digeridos pelo espectador. Ao longo dos 52 minutos, ao público deveria ser dada a oportunidade de compreender os mecanismos do filme. Era mister seduzi-lo ao jogo: sortilégio fílmico. E para que a coisa acontecesse, trabalhávamos nossa construção com extremo rigor.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Dois Quadrados (Diário de Montagem III)
A razão de nossa ‘janela’ era de 2:1. Ou seja, o comprimento da tela era o dobro de sua altura. Uma proporção invulgar no cinema, mas comum na história da arte. Descobri uma defesa do formato assinada pelo diretor de fotografia Vittorio Storaro. Vi que estava em boa companhia.
A tela não estaria o tempo todo dividida ao meio. Alternaríamos os quadrados com o elegante retângulo de quadrados justapostos. Dois para um. Um para dois. Havia ainda as imagens que funcionavam tanto de um jeito como de outro. E aquelas cujo enquadramento retangular sugeria a divisão em quadrados.
Two squares (Editing Diary III) At once: full and empty, complete and incomplete; life and death, hospital and cemetery. Two halves. Two places. Two actions-situations-locations. Two screens. Two squares. The relationship is obvious, straight. It allowed us to underline the idea of simultaneity, neighborhood. And build another building's architecture.
The reason for our 'window' was 2:1. That is, the length of the screen was twice its height. An unusual proportion in the cinema, but common in art history. I found a defense of the format signed by cinematographer Vittorio Storaro. I saw that I was in good company.
The screen would not be all the time split in half. We would alternate squares with the elegant rectangle of juxtaposed squares. Two by one. One by two. There were also images that served both ways. And those whose rectangular framework suggested the division into squares.
À altura do HU (Diário de Montagem II)
O seguinte era outro, mas a estratégia era essa: 1) separar o que era filme do que não era; 2) montar as situações isoladamente; 3) montar o filme = articular as situações.
What were the limits of the so-called parallel editing? How many actions/sequences it would be possible to articulate simultaneously without compromising the intelligibility of the film? The course suggested by the questions above began to guide the day-by-day in the editing room. We saw the possibility of a representation up to what we had experienced until now.
Diário de Montagem I
terça-feira, 21 de abril de 2009
o outro lado
terça-feira, 14 de abril de 2009
Hospital às moscas!
sexta-feira negra
o Bolo do HU
sábado, 4 de abril de 2009
o Poço
Na metade desativada, o poço dos elevadores era um vazio profundo. Preenchemos com câmera. Ela viajava pelos andares, como um elevador. Foi o único dia que contamos com a equipe de maquinária. O esquema era de baixo custo, quase mambembe. E funcionou.
A câmera descia veloz por um sistema de cabos e roldanas numa queda quase livre, vertiginosa. Ficávamos a espreita à beira do vão (ex-futuro poço de elevadores), no 13o. andar da Perna-Seca.
Alguém aí tem medo de altura?
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Visitas à Perna-Seca
Na oficina de direção promovida pelo DOCTV em Brasília, surgiu a idéia de convidarmos algumas pessoas pra visitar a Perna-Seca. Tratava-se de partilhar o acesso que o filme nos credenciou a um espaço, até então, interdito. Era uma forma de ocupar aquele espaço também, ainda que por pouco tempo e de observar as reações que provocava em nós e nos outros.
Aí em cima, a professora Margareth, da Faculdade de Arquitetura. Em baixo, a Tatiana, residente de otorrinolaringologia do HU.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
No Centro Cirúrgico
Down there Fabinho downloading the recording cards.
Cartazes no hall dos elevadores
Câmera-cadeirante
terça-feira, 31 de março de 2009
a Perna-Seca
O carrinho de comida
O carrinho descia até a cozinha, era carregado com o almoço dos pacientes e então seguia para as enfermarias. Para cada paciente, uma dieta específica era receitada pela nutricinista do andar. ‘Poucas estruturas são tão complexas como um hospital’, nos alertou o Dr Alexandre Cardoso, diretor do HUCFF.
Fixamos a câmera no carrinho, ladeada por dois microfones que formavam um par estéreo, reforçado ainda pelo boom que fazia o centro. Uma experiência sensorial operada pela Tia Anastácia (na realidade, Rosângela). O apelido foi dado pelas colegas quando ela entrou na cozinha empurrando esse aparato insólito.
segunda-feira, 30 de março de 2009
Hospital vertical
O HU tem 13 andares o que torna a dinâmica do hospital totalmente dependente de elevadores. Ao que parece, trata-se de um conceito ultrapassado de arquitetura hospitalar. Hoje, é mais comum a construção de hospitais mais baixos e horizontais, com rampas. De qualquer forma, os elevadores são centrais na vida dos usuários do HU. Colocamos nossa câmera presa no teto de um dos elevadores e microfonamos a cabine. A cada vez que a porta abria, víamos um andar diferente. O elevador não parecia mover-se.
...e com tudo pronto, a galera deu uma descansadinha.
Quer dizer, alguns. Outros corriam atrás das autorizações de imagem.
Aí embaixo é o Gustavo Pessoa, meu sócio na Alice Filmes que deu uma força com as traquitanas do elevador, do carrinho de comida... e com as autorizações.
Filmando a endoscopia
As filmagens aconteceram no final de novembro de 2008. Tínhamos duas semanas para espreitar, desbravar, gravar imagens e sons e então iniciar o processo de digestão daquela desmesurada esfinge modernista de concreto armado. Sempre pareceu-me fascinante o prédio. Por vezes, sonhava com ele (nem sempre isso era prazeroso).
Começamos filmando um procedimento de endoscopia. Sou fascinado por imagens técnicas da medicina (e da arquitetura, da engenharia...). A endoscopia era assistida por imagens de raio X e tivemos de usar coletes de chumbo. Na foto, aparecem eu e o Edson Secco, técnico de som.
Pesquisa, corredores
Em outubro de 2008, passamos a frequentar diariamente o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). O lugar é imenso e assustava. Conseguimos as plantas do edifício no departamento de engenharia e iniciamos um mapeamento dos espaços e situações do hospital. Foram quase duas semanas de marcha atlética pelos longos corredores do prédio. Conversamos com pacientes, estudantes, médicos, professores e enfermeiros. Assistimos aulas e cirurgias. E negociávamos dia a dia nosso acesso aos diversos setores do hospital.
As fotos da 'série HU'
Há alguns meses, numa visita ao ateliê da artista visual Joana Traub Csekö, deparei-me com uma série de fotografias do Hospital Universitário da UFRJ, na Ilha do Fundão. As imagens surpreendiam por revelar um edifício metade vivo, metade morto. Uma imensa edificação metade hospital, metade desocupada, metade funcionando, metade inacabada, condenada a ser para sempre simultaneamente construção e ruína.
Escrevi um projeto para ser filmado neste edifício modernista tão peculiar. O projeto foi selecionado pelo programa DOCTV de fomento à produção de documentários e então convidei Joana pra dirigir o filme comigo.
O filme começou a partir dessas fotos.