terça-feira, 31 de março de 2009

a Perna-Seca

Nossa primeira incursão na chamada Perna-Seca, a metade desocupada do edifício. O homem de capacete lá no fundo é o Jairo, engenheiro do hospital. Há um setor de engenharia na instituição, que cuida de sua manutenção e de seu contínuo re-desenho. Cada novo avanço da medicina supõe, em geral, a reconfiguração de um determinado espaço do edifício. O setor fica no térreo e conta com uma equipe de engenheiros, arquitetos, bombeiros hidráulicos, eletricistas e etc.

Lame Leg Our first foray into the so-called Lame Leg, the unocupied half of the building. The man wearing a hardhat in the back is Jairo, an engineer at the hospital. There is an engineering department in the institution that takes care of its maintenance and its ongoing re-design. Each new advance in medicine involves, in general, the reconfiguration of a given space in the building. The sector is on the ground level and has a team of engineers, architects, plumbers, electricians and so on. 

O carrinho de comida

O carrinho descia até a cozinha, era carregado com o almoço dos pacientes e então seguia para as enfermarias. Para cada paciente, uma dieta específica era receitada pela nutricinista do andar. ‘Poucas estruturas são tão complexas como um hospital’, nos alertou o Dr Alexandre Cardoso, diretor do HUCFF.


Fixamos a câmera no carrinho, ladeada por dois microfones que formavam um par estéreo, reforçado ainda pelo boom que fazia o centro. Uma experiência sensorial operada pela Tia Anastácia (na realidade, Rosângela). O apelido foi dado pelas colegas quando ela entrou na cozinha empurrando esse aparato insólito.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Hospital vertical

O HU tem 13 andares o que torna a dinâmica do hospital totalmente dependente de elevadores. Ao que parece, trata-se de um conceito ultrapassado de arquitetura hospitalar. Hoje, é mais comum a construção de hospitais mais baixos e horizontais, com rampas. De qualquer forma, os elevadores são centrais na vida dos usuários do HU. Colocamos nossa câmera presa no teto de um dos elevadores e microfonamos a cabine. A cada vez que a porta abria, víamos um andar diferente. O elevador não parecia mover-se.

...e com tudo pronto, a galera deu uma descansadinha.

Quer dizer, alguns. Outros corriam atrás das autorizações de imagem.

Aí embaixo é o Gustavo Pessoa, meu sócio na Alice Filmes que deu uma força com as traquitanas do elevador, do carrinho de comida... e com as autorizações.


Filmando a endoscopia

As filmagens aconteceram no final de novembro de 2008. Tínhamos duas semanas para espreitar, desbravar, gravar imagens e sons e então iniciar o processo de digestão daquela desmesurada esfinge modernista de concreto armado. Sempre pareceu-me fascinante o prédio. Por vezes, sonhava com ele (nem sempre isso era prazeroso).

Começamos filmando um procedimento de endoscopia. Sou fascinado por imagens técnicas da medicina (e da arquitetura, da engenharia...). A endoscopia era assistida por imagens de raio X e tivemos de usar coletes de chumbo. Na foto, aparecem eu e o Edson Secco, técnico de som. 


Pesquisa, corredores


Em outubro de 2008, passamos a frequentar diariamente o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). O lugar é imenso e assustava. Conseguimos as plantas do edifício no departamento de engenharia e iniciamos um mapeamento dos espaços e situações do hospital. Foram quase duas semanas de marcha atlética pelos longos corredores do prédio. Conversamos com pacientes, estudantes, médicos, professores e enfermeiros. Assistimos aulas e cirurgias. E negociávamos dia a dia nosso acesso aos diversos setores do hospital.


As fotos da 'série HU'


Há alguns meses, numa visita ao ateliê da artista visual Joana Traub Csekö, deparei-me com uma série de fotografias do Hospital Universitário da UFRJ, na Ilha do Fundão. As imagens surpreendiam por revelar um edifício metade vivo, metade morto. Uma imensa edificação metade hospital, metade desocupada, metade funcionando, metade inacabada, condenada a ser para sempre simultaneamente construção e ruína.


Escrevi um projeto para ser filmado neste edifício modernista tão peculiar. O projeto foi selecionado pelo programa DOCTV de fomento à produção de documentários e então convidei Joana pra dirigir o filme comigo.

O filme começou a partir dessas fotos.